As micaretas...

Amo detestar algumas coisas, como por exemplo, as micaretas. Nelas estão as maiores concentrações de "brilho nos dentes e vazio no ar" por metro quadrado. Mas não detesto os micareteiros e micareteiras, nem sempre são vazios e vazias como as festas movidas a uniformes coloridos, "músicas" que falam sempre a mesma coisa e alcool (nada contra o alcool, apenas penso que ele pode regar momentos mais interessantes de nossas vidas).
Na verdade o que mais odeio nas micaretas é o fato de ,no fundo, elas serem um elogio à segregação, a celebração da desigualdade e o pior, tudo disfarçado de festa. Se o seu uniforme, ou abadá como preferem alguns, é menos colorido você não é VIP, se é mais colorido é VIP se não tem uniforme me desculpe está fora. ou melhor(pior) pode participar também, desde que fique longe daqueles que usam uniforme, caso contrário podem ser presos, apanhar... outra opção "maravilhosa" para que os mais pobres participem é exercer a função de segurador de corda, aquela corda que separa os que podem pagar dos que não podem. Aquela corda, acho que é nela que eu qeria chegar, ela não é apenas uma corda, ela é o simbolo da segregação, aquela corda tão fina nem imagina que é um abismo, o abismo que separa as classes, as pessoas, o abismo que torna a felicidade volátil e a alegria artificial.
No momento em que escrevo ouço a "música" que meus vizinhos estão escutando e me fazendo escutar (são 24:52). Ela diz: "Sou praieiro, sou guerreiro..." Realmente são guerreiros, cavaleiros, verdadeios cavaleiros do apocalipce social, anunciadores do horizonte pessimista e cinzento descolorido com os pincéis da alienação.
A juventude vai ralo abaixo, uniformizada com seus abadás preenchendo o vazio coletivo com idéias btilhantes recheadas de palavrasde ordem engajadas, como "Ronaldo e cade o chinelo". Quando amanhece a festa acaba, o embrulho no estômago, o gosto amargo na boca e a falta de sentido para a vida são as heranças da noite em que as pessoas eram o abadá que elas dividiram no VISA e as latas de cerveja que andarilhos catam pela manhã. Aí começa a festa deles, dos catadores de latinha. A música é o ronco dos caminhões que desmontam a estrutura do "evento", a pobreza sorri desdentadamente e as latinhas amassadas que os micareteiros chamam de lixo, se tornarão o que algumas crianças filhas da miséria chamarão de alimento.
Até a próxima micareta.

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